No dia 31 de dezembro de 2001, passei as festas de fim de ano com a família, na bagagem o balanço amargo de 2 vestibulares consecutivos sem sucesso. Perdi os contatos realizados com meus amigos do curso de direito, já havia deixado meus amigos em minha cidade natal, e enfim, o mundo desaba sobre minha cabeça. Como todo empolgado, mentalizei que este ano sim, seria diferente, planejava até abrir conta corrente, cartão de crédito, tudo caso aprovado, seria a carta de alforria, INDEPENDÊNCIA...tudo o que precisava era não ser o centro das atenções, ainda mais de uma maneira negativa como: O REPROVADO.
Me matriculei em um cursinho chamado BIOSFERA, dedicado ao treinamento de estudantes que pretendiam ingressar na área de ciências da saúde, lá encontrei grandes mestres, um deles Mozart, nasceu e morou em Aparecida do Taboado, o clima era intenso. Minha sobrinha, Riselma, galgava uma vaga também, estávamos juntos, no mesmo barco. Conheci novos amigos neste lugar, e logo no primeiro semestre fui fazer uma prova na Universidade de Roraima, Boa Vista, e dessa vez passei perto, eram apenas 30 vagas e eu fiquei em quadragésimo. Deu um gás, no início do segundo semestre presto a prova para a estadual e novamente passo longe, assisto dezenas de amigos passarem na estadual e me vejo solitário persistindo no cursinho.
Neste ano, meu pai inicia um quadro de polineuropatia de membros inferiores, sem diagnóstico da causa real, com queixas leves, no entanto, o alarme de sua saúde começa a dar os primeiros sinais de que algo não andava bem. Um fato novo inicia-se, meu irmão Gilson (o da foto do cabeçalho), médico oftalmologista, já pensava em regressar a Manaus com sua esposa Genise, me fez a proposta de morar com ele ao retornar, e aceitei o convite.
Poucos amigos, sem festas, ainda não decidido e indisciplinado a passar, reprovo nos exames da Federal. Aqui meus amigos iniciou-se um dilema, abandonei o curso de direito, a família em Parintins, desconfortável em morar na casa do meu irmão Rildo sem ajudar nas despesas, envergonhado com os amigos que torciam por mim, e mais, desapontado por não ter provado aos que não acreditavam em mim que seria capaz de passar no curso de medicina.
A vida estava de pernas pro ar, estava mais perdido do que chiclete na boca de um banguela, desacreditado de minha própria capacidade, recebi uma notícia a qual me impulsionou, um amigo de Parintins me informou que em conversa com meu professor (lembram-se Jocifran) de português, disse de sua tristeza de não ter encontrado meu nome no listão dos aprovados, no entanto, era questão de tempo.
Parecia pouco, um único amigo verbalizar seu desejo de bem querência, existiam outros torcedores, mais, nada melhor que seu formador acreditar em sua formação. E agora, pensava nos créditos dados a mim e em meu pai adoecido, lutava contra um cronômetro ao qual fabriquei em minha mente.
E passei as festas de fim de ano (agora de 2002) com minha família novamente, apresentando uma novidade: moraria no ano de 2003 com meu irmão Gilson e sua esposa...a acreditem, foi muito diferente...
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
A saga
Em 1999, morava em Parintins - minha cidade natal - cursava na Escola Senador João Bosco o segundo ano do 2 grau. Tudo estava calmo em uma rotina prazerosa no aconchego do meu lar, com meus pais.
Numa viagem de férias a Manaus, janeiro de 2000 precisamente dia 17, fui surpreendido por meu irmão Rildo com uma proposta: "Você topa cursar o terceiro ano do segundo grau aqui em Manaus?", e daí inicia a saga, separo de meus pais, amigos e vizinhos que os conhecia há praticamente 16 anos, da minha rotina agradável, e começo a sair da linha do conforto e encarar ônibus, morar com meu irmão o qual pra se ter idéia no ano de meu nascimento: 1983, ele estava sendo aprovado no curso de medicina na UFAM. A distância de meus pais, a saudade de meus amigos maltrataram aquele ano, era um garoto do interior sem conhecimento de internet, e lembro-me que quando descobri o Mirc ele já havia saído de moda há tempos...Iniciei os estudos no Colégio Objetivo, e como era uma oportunidade abracei com unhas e dentes, no entanto levei tanto a sério que me pouco tempo me tornei o Nerd da turma. Ficava de fora das festinhas, não era popular, só lembravam de mim na época do Festival de Parintins quando a pergunta rolava: podemos ficar na sua casa?
Com altos e baixos, aos trancos e barrancos terminei o segundo grau, imagine...todos meus estudos foram em escola pública em Parintins onde apesar de todos os esforços de meus professores ( e aqui uma breve homenagem ao meu professor e amigo Jocifran Martins) estava eu aquém do necessário para ser aprovado no vestibular. Prestei vestibular nas Faculdades Objetivo no final de 2000, por ter ficado em boa colocação a faculdade me ofereceu um período do curso com um excelente desconto, o curso: Direito.
Antes de entra na sala de aula, no meu primeiro dia resolvi mudar de atitude, estava decretado: daquele momento em diante conheceria pessoas, faria novas amizades, queria e precisava ser SOCIAL. Não demorou muito e fui presenteado como representante de sala, parece bobagem pra você, mais pra mim representou um salto de qualidade, quanta lembrança boa daquela turma...Ingrid, Sérgio, Marlene, Diogo, grandes amigos de coração que deslocaram-se em outra trajetória os quais apenas me resta a brisa fria da saudade. Se um dia vocês lerem, fica a homenagem.
Já era maio de 2001, o primeiro período já estava nas vésperas do término, quando foi criada a UEA, Universidade do Estado do Amazonas, e resolvi parar meu curso e iniciar outro, totalmente diferente do que estava fazendo, desafiador...medicina. Meus pais ficaram preocupados, amigos desapontados, e eu também senti medo de fracassar, pensei por vezes se minha decisão não me faria mal, estava na faculdade, com amigos, era social, na crista da onda, e repentinamente jogo tudo pro ar.
Comecei a estudar, em Junho de 2001 faço a prova e não consigo a aprovação...Perdi o apreço de meus amigos, ganhei a preocupação de meus pais e irmãos e agora sim, tudo era um grande nevoeiro o qual não sabia em que direção seguir. No mesmo ano presto vestibular na federal e não consigo...é, 2002 prometia...
domingo, 24 de outubro de 2010
Primeiro contato
Olá, dedico esta página à modernidade. Farei dela um instrumento de comunicação com amigos, desconhecidos, anônimos, pacientes e curiosos que torcem, pretendem torcer, identificam-se ou com minha especialização (Anestesiologia) ou com minha história de vida. Seja este um documento vivo e público aos meus pacientes os quais perceberão o quão árdua a preparação: sofri, chorei, sacrifiquei, noites de vigília e preocupações, no entanto, lembro-me a todo instante de uma frase usada em obras para acalmar a população: "Os Transtornos serão passageiros, mas os Benefícios serão ETERNOS. ". Faremos uma sequência cronológica onde a história iniciará da aprovação no Vestibular até os dias atuais. Aguardem.
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